Até o internauta mais desatento percebe a presença ativa do ex-prefeito Luciano Leitoa, de Timon, nas redes sociais, fazendo o que mais aprecia: atacar adversários e divulgar textos bem elaborados, utilizando tecnologia para incentivar seus “seguidores” a replicar informações contra a gestão municipal, o prefeito Rafael Brito e o presidente da Câmara, Uilma Resende — alvos preferenciais da propaganda repetitiva do ex-prefeito em redes sociais, rádios e emissoras de TV.
Causa estranheza a muitos essa postura e estratégia de propaganda de Luciano Leitoa, principalmente porque, quando gestor, raramente se ocupava desse expediente para explicar os desmandos, descasos, desvios de recursos e irregularidades em seu governo. Aliás, ele se apresentava como um homem reservado, de pouca conversa e que não gostava de circular pela cidade. Esse perfil se acentuou após sucessivas derrotas eleitorais, quando se isolou em seu “quartel-general”, blindado com tecnologia para afastar qualquer contato.
Mais curioso ainda é o fato de Luciano Leitoa manter-se tão ativo nas redes sociais mesmo com diversos de seus atos sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, a exemplo de sua participação na Operação Topik e do escândalo da Estrada do Castelo, embargada por irregularidades e até hoje sem explicações do ex-gestor.
Em um de seus recentes vídeos, Luciano aparece novamente repetindo sua propaganda contra a atual gestão. Ao fundo, na estante, chama atenção um livro de Joachim Fest, renomado biógrafo de Adolf Hitler. A obra, publicada em dois volumes, é considerada um clássico: no primeiro, narra-se a trajetória de Hitler desde a infância, no fim do século XIX, até sua chegada ao poder em 1933, na Alemanha de Weimar. No segundo, descreve-se o período de sua ascensão até a queda da Alemanha nazista, em 1945, com o ditador já cercado, bombardeado, enlouquecido e, por fim, suicida. Os volumes trazem ainda imagens históricas e resultam de uma extensa pesquisa que se tornou referência sobre o homem, a nação e a época.
Como se sabe, Hitler era um habilidoso propagandista, que utilizava técnicas sofisticadas de publicidade e a tecnologia mais avançada disponível para difundir suas mensagens. A célebre frase atribuída a Joseph Goebbels, ministro da Propaganda nazista — “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade” — convida à reflexão sobre o papel das fake news na sociedade atual, capazes de influenciar indivíduos e, consequentemente, decisões importantes, como eleições.
É evidente que, como cidadão, Luciano Leitoa tem direito de criticar e até de sugerir soluções. No entanto, durante suas gestões, pouco exercia esse papel democrático, transmitindo, ao contrário, a imagem de um homem controlador e autoritário. Ainda assim, se agora faz questão de exercer esse direito, tudo indica que por trás de sua estratégia há um objetivo político: já teria sinalizado a intenção de ser candidato no próximo ano. Assim, utiliza a propaganda — inspirada em exemplos históricos — como meio de tentar “liquidar” não apenas adversários, mas qualquer obstáculo aos seus planos, como ocorreu com a ex-prefeita Dinair Veloso, que sucumbiu ao mesmo modelo adotado por ele.