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Uso incorreto de antibióticos é responsável por mais de 30 mil mortes por ano

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Para que o tratamento seja eficaz, é preciso seguir as orientações médicas e não interromper o tratamento antes do tempo
Reportagem/Aline Sousa
E se aquele remédio que você toma na tentativa de tratar uma infecção, em vez de bem, fizer mal ao organismo? É o que acontece, todos os anos, com mais de 30 mil pessoas que tomam antibióticos incorretamente e sem seguir a orientação médica. Essa é uma prática que, além de comprometer o tratamento de infecções, pode colocar em risco a saúde do paciente e contribuir para um problema global: a resistência bacteriana.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, as infecções por microrganismos resistentes a antibióticos são responsáveis por cerca de 33 mil mortes diretas por ano, e mais de 137,9 mil mortes associadas ao problema. O clínico-geral da Hapvida, Samuel Marques, reforça a importância de seguir corretamente as orientações médicas quanto ao tempo e à forma de uso desses medicamentos.
De acordo com o médico, “a interrupção precoce da antibioticoterapia é de extremo malefício para o tratamento do paciente. Ela pode resultar em uma ‘cura incompleta’ da infecção, levando à sua recorrência e à piora clínica do quadro”.
RISCOS
Foi o que aconteceu com Núbia Amorim, de 57 anos. A dona de casa iniciou, por conta própria, um tratamento com antibióticos para curar uma dor de garganta. Após três dias, ela interrompeu o uso por achar que já estava bem. Mas nos dias seguintes à interrupção do remédio, os sintomas retornaram e ficaram piores, chegando até ao ponto da internação.
“Depois que parei de tomar o remédio, comecei a sentir muito sono e fraqueza. Decidi ir à urgência falar com o médico e, quem sabe, ele me passar uma vitamina. Fui examinada e ele percebeu que a região da minha garganta, numa parte mais profunda, abaixo da região do pescoço, ainda estava inflamada. Fiquei em observação e fiz uma bateria de exames, que constataram que minha inflamação virou uma infecção que já estava se espalhando para outras partes do meu corpo”, conta Núbia.
O resultado: com o agravamento da situação, ela precisou ficar três dias internada e tomar antibiótico novamente. “Dessa vez, segui o tratamento à risca, cumprindo a quantidade de dias de uso recomendada pelo médico, que me explicou que a interrupção brusca do primeiro medicamento causou um agravamento do meu caso”, explica a dona de casa.
O caso de Núbia, de acordo com Samuel Marques, é um exemplo claro de que o uso inadequado dos antibióticos pode favorecer a resistência bacteriana. “Há sobrevivência de bactérias geneticamente mais resistentes ao antibiótico utilizado, as quais se multiplicam e passam a predominar na flora bacteriana do paciente”, afirma.
Segundo o clínico-geral da Hapvida, a resistência pode surgir de duas formas: “Ela ocorre, seja após a exposição a doses insuficientes de antibióticos, o que leva as bactérias a se adaptarem por mutações, seja pela pré-existência de cepas já resistentes, ainda que em menor número. Após o uso do medicamento, as bactérias mais fortes acabam prevalecendo”, explica.
Para avaliar se o antibiótico está surtindo efeito, o principal parâmetro é a resposta clínica do paciente. “A melhora dos sintomas, a ausência de novos episódios de febre ​ 48 a 72 horas e a recuperação do estado geral são os sinais mais importantes”, pontua o médico. Ele complementa que exames laboratoriais podem auxiliar na avaliação, mas a observação clínica continua sendo a mais determinante.
Caso o paciente apresente reações adversas durante o uso do antibiótico, o médico orienta que a primeira atitude deve ser procurar avaliação médica. “Reações leves podem ser comuns e de autorresolução, mas quando são persistentes ou graves, é fundamental buscar atendimento o quanto antes. O profissional poderá ajustar a dose, o horário de administração ou até substituir o medicamento se necessário”, orienta Samuel.
Outro ponto importante é o armazenamento correto dos medicamentos. Segundo o clínico-geral, é essencial seguir as instruções da bula. “A maioria dos antibióticos deve ser mantida em locais secos, arejados e sem exposição direta à luz. Se o lacre for rompido ou houver contato com umidade, a qualidade da medicação pode ser comprometida”, alerta.
Por fim, o médico destaca que antibióticos vencidos nunca devem ser descartados no lixo comum. “O ideal é levar os medicamentos vencidos a unidades de saúde ou farmácias, onde o descarte é feito de forma segura, evitando a contaminação do solo e da água”, conclui o médico.
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