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Cosméticos clandestinos: beleza caseira que pode te levar para o hospita

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Especialista alerta para o uso de cosméticos produzidos fora dos padrões técnicos e sanitários exigidos por lei

Reportagem/Jherry Dell’Marh

Quem vê cara, não vê alergia! A moda do “faça você mesma” invadiu o mundo da beleza e está transformando cozinhas em laboratórios improvisados. Nos vídeos das redes sociais, tudo parece fácil demais: o batom sai do liquidificador e a máscara facial é feita com abacate e mel. Só que todos esses combos “naturais e milagrosos” podem vir com um ingrediente secreto: um toque de perigo. E aí, não há filtro de rede social que salve. A professora Mariana Amaral, do curso de Farmácia do Centro Universitário Estácio São Luís, faz um alerta direto: manipular cosméticos de forma caseira ou adquirir produtos de origem desconhecida pode resultar em contaminação e reações graves.

“É muito comum vermos por aí vídeos ensinando a fazer cosméticos em casa, mas precisamos entender que química é mistura, e isso existe controle das interações entre os elementos. E mais: quando você produz algo em casa, sem o conhecimento necessário, está criando um produto que pode estar contaminado por bactérias, vírus e outras impurezas”, explica a farmacêutica.

O risco já virou problema de verdade para muitas pessoas. Larissa Gomes, 27, promotora de vendas, aprendeu a lição da pior forma. Depois de assistir a um tutorial em uma rede social que prometia uma suposta “pele de porcelana”, aplicou uma receita caseira no rosto e acordou no dia seguinte com a pele vermelha, quente e com aspecto de inflamada.

“Eu sempre gostei de cuidar da pele, mas não tinha muito dinheiro pra investir em produtos caros. Um dia, vi uma receita caseira, com ingredientes que prometiam deixar o rosto lisinho e sem cravos. Como o vídeo tinha muitos comentários positivos, resolvi testar. Fiz tudo certinho, do jeito que mandava, mas no outro dia meu rosto começou a ficar muito vermelho e quente”, relata.

A reação foi piorando. “Meu rosto ficou ardendo, coçando e inchou tanto que tive vergonha de sair de casa. Fiquei assim por sete dias. Até hoje não sei onde errei, porque nos comentários todo mundo dizia que funcionava”, contou.

RECEITA

Mariana compara a produção de cosméticos à preparação de um bolo: é preciso seguir uma receita, usar ingredientes adequados e respeitar proporções exatas. “Sem equipamentos de precisão, é impossível garantir que as quantidades estejam corretas. Isso compromete a eficácia e pode gerar riscos sérios à saúde, como alergias, urticárias e até infecções”, alerta.

Outro ponto crítico é o ambiente em que esses produtos são manipulados. Sem os cuidados de higiene e esterilização exigidos em laboratórios e farmácias de manipulação, o risco de contaminação cruzada é alto. “Imagina uma mão com bactérias manipulando um batom. Esse produto pode ser usado na boca, guardado por dias e ainda ser emprestado para outra pessoa. Está formada uma cadeia de contaminação”, adverte a professora.

Além dos perigos da manipulação doméstica, há também a compra de cosméticos pela internet, muitas vezes sem procedência clara e sem garantias sanitárias. Mariana reforça a importância de sempre observar o rótulo, a data de validade e se há um responsável técnico pela fabricação. “Um produto seguro tem um rótulo completo, indicando o fabricante, o número do lote, o prazo de validade e o nome do responsável técnico. É isso que garante que ele foi produzido de forma adequada”, destaca.

A recomendação da especialista é clara: procure locais de venda confiáveis, produtos com rotulagem regularizada e evite qualquer cosmético que não tenha passado por controle de qualidade. “Não é só uma sombra, não é só um batom. Estamos falando de algo que vai no nosso olho, na nossa pele, na nossa boca. Nosso corpo absorve essas substâncias, e se tiverem algo tóxico, vamos absorver também”, conclui Mariana Amaral.

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