O Brasil abriga cerca de 7 milhões de pessoas adeptas do veganismo, representando aproximadamente 3,2% da população.
Reportagem/Jherry Dell’Marh
“Foi uma transformação completa”, conta Maria Fernanda Silva, estudante de Pedagogia da UFMA e moradora do bairro Monte Castelo, em São Luís. Aos 27 anos, Maria decidiu adotar um novo estilo de vida que uniu o veganismo e a sobriedade, deixando para trás antigos hábitos. “Comecei a perceber que meu corpo e minha mente estavam sempre cansados. Eu bebia nos fins de semana para relaxar, mas acabava cada vez mais esgotada e desmotivada”, relata.
A mudança veio no início do ano passado, quando Maria Fernanda decidiu parar de beber e se dedicar a uma rotina mais saudável. No mesmo período, ela começou a estudar sobre os impactos do veganismo na saúde e no meio ambiente. “Entendi que o veganismo é mais do que uma dieta. É uma filosofia de respeito a todas as formas de vida. Adotar essa prática foi uma maneira de alinhar meus valores ao que coloco no prato”, explica.
Hoje, Maria se sente mais disposta para as aulas e atividades físicas, e sua relação com a comida mudou. “Descobri ingredientes da nossa culinária local que antes nem valorizava. Agora cada refeição tem um novo significado”, afirma.
A contribuição da culinária maranhense para o veganismo
Com a popularização do veganismo, muitas pessoas estão explorando alimentos locais para enriquecer suas dietas. Segundo Luciana Sousa, nutricionista do Grupo Mateus, a culinária maranhense é um recurso valioso para quem adota essa filosofia. “Temos ingredientes como milho, folha de cuxá, juçara e frutas como manga e banana, que se encaixam perfeitamente em uma dieta vegana”, diz Luciana.
A nutricionista ressalta que alimentos regionais oferecem uma combinação de nutrição e sabor. “O cuxá, por exemplo, é rico em ferro, vitamina A e antioxidantes, como polifenóis e flavonoides. Já a farinha de mandioca, além de ser fonte de energia, contém minerais como ferro e cálcio”, explica. No entanto, ela alerta para o consumo moderado: “Embora nutritiva, a farinha deve ser consumida com equilíbrio para evitar ganho de peso”.
Luciana também destaca a manga, fruta abundante no estado, como uma aliada da saúde. “Ela é uma excelente fonte de vitamina A, vitamina C e fibras, ajudando a regular o intestino”, afirma. Para quem deseja adotar o veganismo, Luciana reforça a necessidade de variedade e equilíbrio: “É essencial priorizar alimentos ricos em carboidratos, gorduras e proteínas. Leguminosas como feijão, ervilha e grão-de-bico são substitutas ideais para a carne”.
O mercado vegano em expansão no Brasil
O Brasil abriga cerca de 7 milhões de pessoas adeptas do veganismo, representando aproximadamente 3,2% da população, segundo dados da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). O crescimento desse movimento tem impulsionado o mercado de produtos veganos, que registra uma expansão anual de cerca de 40%, mesmo diante de desafios econômicos. Essa tendência reflete a demanda por opções mais sustentáveis e saudáveis de consumo.
Além do aumento de consumidores, o mercado se diversifica com mais de 3.523 estabelecimentos oferecendo opções veganas no país. A certificação vegana da SVB já abarca mais de 3.921 produtos de cerca de 250 empresas parceiras, demonstrando o amadurecimento desse segmento. Com um estilo de vida transformado e o apoio da rica culinária local, histórias como a de Maria Fernanda mostram que o veganismo é mais do que uma tendência.
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