Confira dicas de especialistas para abordar temas difíceis
Por Juliana Castelo
Passar por momentos difíceis, enfrentar crises humanitárias, climáticas ou tragédias de qualquer tipo nunca é algo simples de lidar quando se é adulto, mas pode ser ainda mais delicado quando se é apenas uma criança. Quando você menos espera, chegam aquelas dúvidas dos pequenos sobre aquelas imagens difíceis que apareceram no noticiário do dia. E agora? Tapar os ouvidos e assoviar fingindo não ter escutado para fugir de explicações é uma tentação para os pais, mas também uma cilada que se deve evitar.
Leituras, marionetes, jogos ou teatralização, além da linguagem que costuma ser usada no dia a dia com a criança, são estratégias muito úteis na hora de contar sobre algum momento difícil que os pequenos questionam ou precisam saber. “As crianças, assim como os adultos, precisam de espaço e tempo para processar a dor. Isso significa dar a eles liberdade para chorar, perguntar e ser informado com clareza sobre o evento”, aponta o psicólogo e professor do curso de Psicologia do Centro Universitário Estácio São Luís, Eudes Alencar.
Acolhimento é a palavra-chave que vai guiar o momento de conversas entre pais e filhos, conforme explica o especialista. A conversa deve substituir alguns erros que são comuns diante da surpresa de ouvir, das boquinhas curiosas, perguntas sobre temas tão sérios. “Tentar enganar a criança é uma grande falha, pois os pais acreditam que ela não tem capacidade de compreender ou lidar com o problema e isso não é verdade. A questão é considerar a forma como o evento traumático é explicado. Não precisa suprimir, mentir. Uma ótima maneira de fazer isso é contando uma história para a criança”, afirma o professor.
Bloquear, criticar ou ignorar as perguntas que surgem diante de um problema não deve ser uma opção, mesmo que nem todo mundo tenha jogo de cintura para contar sobre assuntos complexos. “O problema não está na pergunta, mas como os adultos reagem a ela. Talvez você não saiba como responder, então, seja sincero. Explique que é difícil pra você também. E se souber responder, seja honesto e fale numa linguagem que a criança entenda”, finaliza Eudes, apontando que pedir feedbacks dos pequenos também ajuda a saber se você está indo bem.
Confira abaixo cinco dicas na hora de conversar sobre um assunto delicado com a criança:
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Utilize uma linguagem simples e adequada à idade: Use uma linguagem simples e adequada à idade: Explique o que aconteceu de forma clara e direta, sem entrar em detalhes gráficos ou assustadores, buscando sempre usar palavras que a criança possa entender.
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Seja honesto, mas também mantenha a calma. É importante dizer a verdade, mas faça isso de maneira tranquila. As crianças percebem as emoções dos adultos.
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Esteja aberto para perguntas: Permita que a criança faça perguntas e responda da melhor forma possível. Se não souber a resposta, seja sincero e diga que vocês podem tentar descobrir juntos.
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Valide os sentimentos da criança: Diga que é normal que ela se sinta triste, confusa ou com medo. Ajude-a a expressar o que está sentindo e mostre que você está ali para apoiá-la.
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Enfatize que ela está segura: Reforce que você e outros adultos estão fazendo tudo o que podem para garantir a segurança dela. Falar sobre as medidas de segurança pode ajudar a criança a sentir-se mais protegida e tranquila.