Com baixos índices de isolamento social, Teresina apresentou na última terça-feira (09) o maior número de atendimentos por síndromes gripais desde o início da pandemia. Foram 1.514 registros na rede pública e privada, dado que tem apresentado um aumento desde o último domingo (07), quando foram registrados 1.040 atendimentos.
O diretor de Atenção Básica da FMS, Kledson Batista, explica que a consequência mais grave dessa situação é evolução da doença para casos que requerem internação. “Em um universo em que, por exemplo, de cada 100 pessoas, uma complica para o caso de internação, se este número sobe para 10 mil, teremos 100 internações e esta proporção tende a aumentar. Com isso, Teresina pode ter uma sobrecarga no sistema de saúde e até entrar em colapso”, alerta.
Segundo os dados do Painel de monitoramento da COVID-19, elaborado pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), no início da pandemia eram registrados em torno de 103 atendimentos para casos de síndromes gripais. O número foi crescendo e chegou a 1.384 no dia 3 de junho, um aumento de mais de 1000%.
De março até agora, já foram prestados mais de 34 mil atendimentos a pessoas com sintomas gripais, dos quais 57% (mais de 19 mil) foram na rede pública de saúde.
Para Kledson Batista, o aumento é uma evidência de que os casos de COVID-19 ainda estão crescendo e é um reflexo da diminuição nas taxas de isolamento social na capital. Dados da startup Inloco revelam que, na última segunda-feira, este índice estava em 41,20%, uma queda em relação ao mesmo dia da semana anterior, que estava em 43,3%. Segundo os protocolos dos órgãos de saúde, o ideal seria uma porcentagem em torno dos 73%.
Ele explica que o aumento dos números ocorre porque uma das características do vírus é a alta transmissibilidade entre as pessoas, o que leva à evolução da doença pelo não cumprimento do isolamento social. “No início da pandemia, em meados de março, Teresina ainda estava com um número bem reduzido, pois a quarentena estava sendo respeitada mais fortemente e as pessoas não frequentavam lugares que geram aglomerações. Mas, mesmo com as imposições, decretos e as ações da prefeitura, é notório que muitas pessoas desrespeitam o isolamento e se aglomeram em filas de banco, em feiras livres, pequenas lojas, ou até mesmo em serviços essenciais. Nesse sentido, os casos tendem realmente a aumentar”, comenta Kledson Batista.
Por isso, o Centro de Operações em Emergências (COE) em Saúde Pública COVID-19 da FMS avaliou que ainda não há viabilidade para uma flexibilização do isolamento social na capital. “Todos querem voltar às suas atividades normais, mas é preciso seguir as medidas de isolamento, criadas por técnicos e estudiosos do tema. Estamos lidando com o risco de perder vidas humanas e é preciso ter cautela”, alerta Amparo Salmito, infectologista da FMS e membro do COE.