spot_img
spot_img

Paraíso: Câmara acelera projeto que frouxa lei de improbidade. Novo texto admite prática de nepotismo

spot_img
Compartilhe:

Brasília, 16/06/2021 – O plenário da Câmara aprovou, nesta terça-feira, 15, requerimento de urgência para a votação do projeto que afrouxa a Lei de Improbidade Administrativa, apenas oito minutos após a divulgação do relatório final, de autoria do deputado Carlos Zarattini. A pretexto de proteger os bons gestores, o substitutivo do relator abre caminho para a impunidade ao restringir as possibilidades de condenação de agentes públicos. O texto admite, por exemplo, a prática de nepotismo se os parentes nomeados para cargos públicos tiverem bom currículo, contrariando o Supremo Tribunal Federal (STF). A votação do projeto no plenário deverá ocorrer nesta quarta-feira, 16.

A análise do requerimento de urgência não estava prevista, mas teve amplo apoio. Foram 369 votos a favor e 30 contra.

A deputada Vivi Reis (PSOL-PA) orientou contra a votação, afirmando que é preciso debater melhor o mérito do projeto. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), respondeu dizendo que houve amplo debate. Zarattini foi na mesma linha e lembrou que a proposta está em discussão na Comissão Especial desde julho de 2019. “O projeto está bem discutido, está amadurecido e nada disso foi feito de supetão. Não vai haver surpresa sobre o que está sendo votado.”

O autor do projeto, Roberto de Lucena (Podemos-SP), disse ter havido atropelo. Na sexta-feira, Lucena defendeu uma primeira votação na Comissão Especial criada para discutir a matéria, mas foi ignorado. Insatisfeito, o deputado afirmou que pode requerer a retirada da tramitação. A estratégia, porém, tem chance de ser recusada por Lira. “Considero a possibilidade de retirar de tramitação a proposta, que é fruto de um árduo trabalho de muitas mãos, mas que, infelizmente, foi transformada num cavalo de Troia”, disse. “A alternativa é um destaque de preferência para que seja apreciado o nosso texto, e não o substitutivo”.

O projeto altera diversos pontos da Lei de Improbidade, criada em 1992. Com as mudanças, fica mais difícil um agente condenado por improbidade perder a função pública, uma vez que basta ele ter trocado de cargo para escapar da punição.

“É uma espécie de salvo conduto para o nepotismo, porque se exige comprovação específica com elementos subjetivos, como se nós criássemos uma figura de um nepotismo brando e um nepotismo terrível. Nepotismo é nepotismo. Basta que se contrate parente e se tem o nepotismo. Essa regra, da forma como está escrita, visa não responsabilizar quem pratica o ato”, disse Roberto Livianu, procurador de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção. (Breno Pires)

Compartilhe:
spot_img

Talvez você queira ler também

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Propaganda

spot_img

Propaganda

spot_img

Relacionados

- Propaganda -spot_img
- Propaganda -spot_img

Últimas

Inscrições para 78 vagas do Mais Médicos Especialistas no Maranhão seguem até este domingo (12)

Médicos podem se inscrever na segunda chamada do programa, que visa reduzir o tempo de espera por atendimento no SUS OMinistério da Saúde está com...

No Dia do Professor, educadores apontam quatro desafios da área

Docentes refletem sobre o papel do profissional da educação diante das transformações sociais e tecnológicas Reportagem/Lucas Ardigó São Paulo, outubro de 2025 - Celebrado em 15 de...

Com cursos gratuitos, prefeitura transforma sonhos em realidade para moradores de Timon

“Moro na zona rural, no povoado Buriti Cortado, e lá faço pães caseiros e bolos para vender. Busquei o curso para me aperfeiçoar e...