Quando o grupo de mulheres acompanhadas pelo Centro de Referência Esperança Garcia (CREG) reúne-se para atividade de dança, as transformações acontecem além do que os olhos podem ver. A prática tem sido uma forma de reinventar a vida, dando para elas novas cores, sons, movimentos múltiplos de singularidade para o enfrentamento da violência de gênero.
A atividade denominada “Mulheres que dançam” é um projeto de iniciativa do CREG em conjunto com a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (SMPM) e acontece uma vez ao mês. O Projeto busca proporcionar alegria, interação e bem-estar às mulheres atendidas, procurando ajudar também, cada vez mais, no fortalecimento e no rompimento do ciclo de violência sofrido.
A voluntária e professora, Ana Lídia, afirma que a dança é uma atividade que tem contribuído com a autoestima e empoderamento dessas mulheres. “Estamos no quinto mês da atividade e percebo que elas gostam muito, pois a dança ajuda na situação de enfrentamento da violência que elas vivenciaram. Além de ajudar na melhora da autoestima, desenvoltura, timidez, percebo que elas se já se soltam mais durante as aulas. É um momento agradável e de alegria para elas”, considera.
A.S, desempregada, de 32 anos, que frequenta a unidade há cerca de um ano, afirma que mesmo com a limitação de uma deficiência se sente bastante motivada em participar do momento. “Mesmo com a deficiência que tenho em um braço e perna, muitas vezes chego com dores, e com as atividades de alongamento e dança acaba passando todas as dores, e além de contribuir com a autoestima a gente sai com as energias renovadas para enfrentar o dia e o momento ruim que passei desaparece cada vez mais. Mesmo com a minha deficiência eu consigo dançar, no meu limite, mas eu consigo. E a mesma determinação que estou tendo na aula de dança procuro levar para minha vida”, pontua.
Já a segurança particular, D.S, por considerar o momento bastante atrativo e com diversos benefícios avalia que a atividade deveria ser realizada mais vezes. “A dança contribui de várias formas. É uma atividade que nos traz alegria e benefícios para o corpo, além de me ajudar a esquecer toda violência sofrida. Uma distração e eu até preferia que fossem mais dias e não apenas uma vez por mês”, relata.
O Centro de Referência Esperança Garcia oferece atendimento social, psicológico e jurídico para mulheres em situação de violência em Teresina e desenvolve diferentes práticas integrativas complementares. Entre janeiro e novembro de 2019 o Centro acompanhou 384 mulheres que sofreram algum tipo de violência na cidade de Teresina. Segundo levantamento realizado pela SMPM, juntamente com o CREG, dessas mulheres 125 foram inseridas no serviço no ano de 2019 e 259 já realizam acompanhamento na unidade. Através do atendimento especializado e trabalho de conscientização, somente nesse ano 15 mulheres conseguiram romper o ciclo de violência.
“O propósito da dança é reunir, esclarecer, descobrir todos os aspectos da vida. No dia de hoje, a usamos especialmente para enaltecer a mulher, que precisa se redescobrir, se aceitar, se respeitar. Por isso, procuramos essa harmonia. A atividade funciona também como mais um dos momentos de fortalecimento para que ela consiga cada vez mais romper esse ciclo de violência,” finaliza a gerente de enfrentamento a violência da SMPM, Lidiane Oliveira.
Mais informações sobre os serviços oferecidos pelo Centro podem ser obtidas por meio do telefone: (86) 3233-3798.