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Segurança alimentar no Maranhão: como o reaproveitamento de alimentos faz diferença

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No estado, 43,6% dos lares enfrentam algum grau de insegurança alimentar.
Por Jherry Dell’Marh
Desperdiçar comida nunca foi uma opção pra mim. Aqui em casa, tudo se transforma! O pão velho vira torrada, o frango que sobrou do almoço vira recheio de torta”, conta Maria das Graças Lima, cozinheira com 38 anos de experiência e moradora da Madre Deus, em São Luís. Ao longo de sua carreira, ela aprendeu a valorizar cada parte dos alimentos. “Com um pouquinho de criatividade e planejamento, você consegue evitar o desperdício e ainda economizar. É uma forma de respeitar o alimento e o trabalho que está por trás dele”, afirma Graça, que sempre encontra maneiras de reaproveitar ingredientes que muitos considerariam descartáveis, como talos de verduras, sobras de arroz e cascas de frutas.
No Brasil, o desperdício de alimentos é um desafio. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o país descarta cerca de 41 mil toneladas de alimentos por ano, enquanto mais de 33 milhões de brasileiros vivem em condições de fome ou insegurança alimentar.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no Maranhão, 56,4% dos lares têm segurança alimentar, enquanto 43,6% enfrentam algum grau de insegurança alimentar: 25,7% estão com insegurança leve, 9,8% em insegurança moderada e 8,1% em insegurança grave. Em 2023, a insegurança alimentar no Brasil atingiu 27,6% dos domicílios, ou seja, 21,6 milhões de pessoas. Esses dados evidenciam a urgência de adotar hábitos mais conscientes e sustentáveis para reduzir o desperdício e seus impactos econômicos e sociais.
A nutricionista Laís Campos, do Grupo Mateus, reforça essa necessidade de políticas práticas para combater o desperdício, destacando a importância de organização e cuidado no dia a dia. “Para evitar o desperdício de alimentos, o ideal é se planejar, analisar seu perfil de consumo, higienizar e conservar cada item corretamente, e, principalmente, não jogar alimentos imperfeitos fora”, explica Laís.
Além disso, ela ressalta que o planejamento das compras também é fundamental para diminuir o desperdício. “Uma dica importante é realizar compras de itens frescos, que possuem curta duração, semanalmente, enquanto os não perecíveis podem ser adquiridos para o mês inteiro.” Essa prática evita que alimentos estraguem antes de serem consumidos, garantindo uma alimentação mais consciente e variada.
Alimentos que vão para o lixo não apenas contribuem para o desperdício de recursos valiosos, como água, energia e mão de obra, mas também geram emissões de gases de efeito estufa. Quando os alimentos apodrecem nos aterros sanitários, liberam metano, um gás com potencial de aquecimento global muito mais forte do que o dióxido de carbono. Essa situação agrava ainda mais a crise climática.
A nutricionista também chama atenção para a reutilização de alimentos que, muitas vezes, acabam indo parar no lixo. “Cascas, talos, raízes e sementes podem ser reaproveitados no preparo de ensopados, sopas e farofas. As sobras de arroz podem virar bolinho ou risoto, e as sobras de feijão podem ser transformadas em feijão tropeiro ou sopa.” Ela também sugere a compostagem doméstica como uma alternativa sustentável para transformar restos de alimentos em adubo orgânico, o que contribui para a redução do desperdício e a preservação ambiental.
Por fim, a especialista destaca que o armazenamento correto dos alimentos prolonga a sua vida útil. Laís destacou a importância da higiene e conservação adequadas. “A maneira como armazenamos os alimentos influencia diretamente a sua duração. Ao chegar em casa, lave legumes, frutas e verduras em água corrente. Depois, faça uma solução com um litro de água e duas colheres de sopa de água sanitária, deixe os alimentos de molho por 15 minutos e, após isso, passe-os novamente em água corrente. Seque bem e armazene na temperatura correta”, recomenda.
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