Especialistas dão dicas de como driblar as angústias e ansiedades de final de ano
Reportagem/Juliana Castelo
Muitas pessoas enfrentam a chamada síndrome do final de ano, fenômeno psicológico que traz à tona sentimentos de ansiedade e insatisfação. Segundo a psiquiatra e professora do IDOMED, Andreia Galastri, a síndrome está relacionada à sensação de fechamento de um ciclo, quando os indivíduos reavaliam suas metas e realizações. “As pessoas lembram das metas não cumpridas e começam a se martirizar com isso”.
Durante essa época, a pressão para limpar a casa, organizar compromissos e presentear amigos e familiares pode se acumular, levando a um aumento da ansiedade. “Em vez de relaxar e curtir cada festa, a pessoa acaba ficando mais preocupada e estressada”, afirma a especialista. Esse estresse é intensificado por obrigações sociais e a necessidade de apresentar uma imagem positiva para os outros.
Além disso, para aqueles que enfrentam problemas familiares ou lutos, o final do ano pode ser especialmente difícil. “Datas comemorativas ressaltam ausências e podem reviver sentimentos de tristeza e carência”, alerta Andreia Galastri. A pressão para manter relações sociais e lidar com conflitos familiares pode gerar um desgaste emocional significativo.
Para lidar com a síndrome do final de ano, a psiquiatra sugere que as pessoas adotem uma abordagem mais leve e consciente. “O que se deve fazer é o que deveria ser praticado durante todo o ano: cuidar de si, estabelecer limites e priorizar o bem-estar”, conclui. É fundamental reconhecer que a autocobrança excessiva e as comparações sociais podem tirar o prazer das celebrações. Portanto, encontrar um equilíbrio pode ser a chave para um final de ano mais tranquilo e gratificante.
Para a professora do curso de Psicologia da Estácio, Jocely Burda, os conflitos familiares nessa época podem ser desencadeados por uma série de fatores – desde expectativas irreais até a sobrecarga de compromissos e cobranças externas. Segundo ela, os conflitos frequentemente surgem por conta das altas expectativas em relação aos bons momentos durante as festas. “A expectativa de que tudo será perfeito – na decoração, na comida, nos presentes – pode gerar frustração, principalmente quando a realidade não corresponde ao ideal”, explica. Além disso, as diferenças individuais, muitas vezes não respeitadas, e as cobranças familiares podem intensificar os desconfortos.
A psicóloga destaca que, em alguns casos, se o simples ato de participar de uma reunião de família traz lembranças desagradáveis e aflora sentimentos não resolvidos, a melhor opção pode ser evitar o evento. “Cada um deve avaliar sua própria dor e as consequências de sua decisão. Situações mal resolvidas sempre voltam à tona”, afirma. Para aqueles que decidirem participar, Jocely recomenda que o foco seja evitar confrontos e ser mais humilde. “Este não é o momento de querer ter razão. Falar sobre as dificuldades antes das festas pode ajudar a reduzir o estresse e as tensões”, orienta.
Para minimizar os impactos negativos, a psicóloga sugere um exercício de autoconhecimento e realismo nas expectativas. “Quanto menos expectativa, melhor. Isso ajuda a evitar grandes frustrações, especialmente quando se tenta cumprir todas as metas de fim de ano que não foram alcançadas”. Além disso, as tensões geradas pelo excesso de compromissos e gastos financeiros podem ser aliviadas ao dividir as responsabilidades entre os membros da família. “Dividir tarefas e despesas é uma dica de ouro para que ninguém fique sobrecarregado”.
Outro ponto importante levantado por Jocely é a divergência de opiniões sobre a organização e os detalhes das festas. Quando os desejos familiares entram em choque, ela sugere que haja uma pessoa responsável pela coordenação do evento, alguém que possa centralizar as decisões e envolver os demais membros de forma equilibrada. “Uma comissão de organização ou até mesmo uma votação para decidir aspectos importantes das festas, como o local, a comida e a troca de presentes, pode ser uma maneira eficaz de evitar conflitos”, explica. A divisão das tarefas de preparação entre os convidados também é fundamental para garantir que ninguém se sinta sobrecarregado, evitando a sensação de falta de tempo.
Dicas para um ambiente saudável e harmonioso
Para garantir um clima mais tranquilo durante as festas de final de ano, Jocely recomenda algumas estratégias práticas:
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Compartilhe tarefas. Todos devem se sentir parte do evento;
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Converse com seus familiares, antes de tomar decisões sobre o que será feito, ajustando as expectativas para que todos se sintam à vontade;
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evite o abuso de álcool, pois o consumo excessivo pode resultar em atitudes impulsivas e desastrosas;
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mantenha o foco no perdão e busque atividades que tragam alegria e descontração; e
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reserve um tempo para atividades que promovam o bem-estar, como contato com a natureza e práticas que tragam equilíbrio emocional”, sugere a psicóloga.