Prova da OAB será aplicada neste domingo (21): reprovação é regra, aprovação exige estratégia

Na 41ª edição, apenas 16.293 participantes foram aprovados entre cerca de 100 mil inscritos.

Reportagem/Jherry Dell’Marh

“O que está faltando para eu finalmente passar na OAB?”É essa a pergunta que Carlos Henrique, de 29 anos, faz sempre que se aproxima mais uma prova do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No próximo domingo (21), ele estará novamente em uma sala de aplicação, encarando o teste pela sexta vez. A história se repete: Carlos sempre consegue aprovação na primeira fase, mas encontra dificuldades na prova prático-profissional. “A gente estuda, passa pela objetiva, mas quando chega na segunda fase parece que algo foge do controle”, relata. A trajetória dele reflete a realidade de milhares de candidatos em todo o país que insistem no sonho da carteira da OAB, mesmo diante de um exame reconhecido pelo alto grau de exigência.

Segundo o professor do curso de Direito da Estácio, Robson Mourão, grande parte das reprovações está ligada a falhas na preparação. A falta de planejamento é um dos erros mais comuns. “Muitos candidatos iniciam os estudos sem um cronograma estruturado e acabam sobrecarregados às vésperas da prova”, explica. Outro equívoco frequente é focar apenas na teoria. “A OAB cobra habilidade de resolução de questões. Sem prática, o desempenho cai, especialmente na primeira fase”, afirma. Mourão destaca ainda que o candidato precisa organizar um plano de estudos equilibrado, priorizando disciplinas mais cobradas, como Ética Profissional, Direito Constitucional e Direito Civil, além de manter revisões periódicas e treinar com questões de provas anteriores.

A estratégia também passa pela gestão do tempo. A prova reúne 80 questões objetivas, que devem ser resolvidas em 5 horas. “Muitos candidatos reprovam porque se prendem em questões difíceis. O ideal é resolver primeiro as mais fáceis e deixar as complexas para o final”, orienta Mourão. Ele reforça que a falta de prática e o estudo concentrado apenas na véspera seguem entre os principais motivos de reprovação, mesmo para quem já tentou outras vezes, como é o caso de Carlos, que desta vez decidiu iniciar o treino da segunda fase com mais antecedência.

EMOCIONAL

Às vésperas do exame, o controle emocional também é decisivo. Mourão recomenda revisão leve, descanso adequado, alimentação equilibrada e exercícios de relaxamento. “A confiança faz parte da preparação. O candidato precisa acreditar no que construiu ao longo do estudo”, afirma o professor. Carlos concorda. “Agora é manter a calma e confiar. Já cheguei até aqui”, diz. Após a prova objetiva, os aprovados seguirão para a 2ª fase, prevista para 22 de fevereiro de 2026, encerrando o ciclo do exame.

Os dados dos Exames de Ordem realizados em 2024 confirmam o alto nível de dificuldade enfrentado pelos candidatos. Na 41ª edição, apenas 16.293 participantes foram aprovados entre cerca de 100 mil inscritos, o que resultou em aproximadamente 75 mil reprovações já na primeira fase, uma das maiores taxas registradas nos últimos anos. Historicamente, o Exame da Ordem apresenta índices elevados de reprovação, com média em torno de 80% na etapa objetiva. Apenas uma pequena parcela dos candidatos consegue aprovação logo na primeira tentativa. No resultado final da 41ª edição, a taxa geral de aprovação ficou em cerca de 17,41%, enquanto a reprovação alcançou 82,59%, números que reforçam o caráter seletivo do exame e a importância de uma preparação consistente e direcionada para quem busca a habilitação profissional.