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Período de chuvas: exposição à água contaminada aumenta risco de doenças

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Em 2024, o Maranhão contabilizou mais de 40 casos de leptospirose. A transmissão de hepatite, diarreia e verminoses também preocupa
Reportagem/Jherry Dell’Marh
As chuvas trazem alívio para o calor intenso, renovam a vegetação e enchem os reservatórios que abastecem as cidades, mas também escondem perigos que nem sempre são imediatamente visíveis a olho nu. Dentre os principais riscos, estão as doenças de transmissão alimentar e hídrica, que se tornam mais frequentes nesta época do ano. O acúmulo de água e a umidade criam um ambiente propício para a proliferação de bactérias, fungos e vírus, aumentando a incidência não só de doenças respiratórias, mas também de diarreias agudas, hepatite A e leptospirose.
Foi o que aconteceu com a família de Maria Clara Borges, maquiadora e mãe do pequeno Yagho D’Paula Borges, de 10 anos. Durante uma visita ao sítio do avô, em meio às chuvas, o menino aproveitou para brincar ao redor da varanda. “Ele ficou tomando banho de chuva e ingeriu a água que caía do telhado. Horas depois, ele começou a sentir dores na barriga, teve uma diarreia muito forte e vômito. Ficamos preocupados e corremos para o atendimento médico”, contou. A causa apontada pelo médico foi  contaminação por meio da água.
Outra preocupação é a leptospirose, infecção bacteriana grave transmitida pela urina de roedores. Enchentes, alagamentos ou mesmo poças d’água contaminadas com a bactéria podem transmitir a doença. Em 2024, foram confirmados 48 casos no estado. Já em 2025, até o momento, três casos suspeitos foram registrados.
A coordenadora de enfermagem da Hapvida NotreDame Intermédica, Clemilda Ribeiro de Souza, explica que as chuvas podem carregar sujeira e microrganismos prejudiciais, contaminando alimentos e água potável. “A umidade elevada favorece a disseminação de patógenos. O escoamento da água pode levar fezes de animais, restos de lixo e outros materiais contaminantes para reservatórios de água e alimentos. Isso aumenta o risco de doenças como hepatite A, gastroenterite e leptospirose”, alerta.
Dentre os principais problemas de saúde registrados no período, estão a hepatite A, causada pelo consumo de água e alimentos contaminados; a diarreia infecciosa, provocada por bactérias como a Escherichia coli e a Salmonella, também encontradas em alimentos contaminados; a leptospirose, transmitida pelo contato com água ou alimentos contaminados pela urina de animais infectados; e verminoses como a amebíase e giardíase, que também podem ser adquiridas através da água contaminada.
A médica infectologista da Hapvida, Mônica Gama, reforça que a elevada ocorrência de doenças de veiculação hídrica tem relação direta com a falta de tratamento da água e do esgoto, assim como com o acúmulo de lixo decorrente da destinação inadequada. Durante os alagamentos e enchentes, é essencial evitar andar em áreas alagadas e não ingerir água de inundação. “As principais doenças são as infecções intestinais causadas por vírus ou bactérias como a cólera, que levam a diarréias de intensidade variada e consequente desidratação. A leptospirose é outra doença preocupante, pois pode evoluir para complicações hepáticas e renais”, explica.
PROTEÇÃO
Para evitar a contaminação e reduzir o risco dessas doenças, a especialista reforça a importância de medidas preventivas como a higienização das mãos, a conservação adequada dos alimentos e o consumo de água filtrada e tratada. “A prevenção começa em casa, com cuidados simples que fazem toda a diferença. No caso das crianças, é importante monitorar o contato delas com água de chuva e garantir que estejam sempre hidratadas e bem alimentadas”, orienta.
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