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Crédito do trabalhador: MA é o quarto estado do Nordeste com maior adesão ao empréstimo no primeiro trimestre de 2025

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Reportagem/Jherry Dell’Marh
Com mais de 12 mil contratos firmados apenas no primeiro trimestre de 2025, o Maranhão é o quarto estado do Nordeste com maior volume de empréstimos concedidos por meio do Crédito do Trabalhador, nova modalidade de crédito consignado voltada a trabalhadores com carteira assinada.
De acordo com dados oficiais, o estado registrou 12.146 contratos entre janeiro e março de 2025, com valor total emprestado ultrapassando R$ 71,1 milhões. O valor médio por empréstimo foi de R$ 5.857,57, com parcelas mensais de aproximadamente R$ 338,14 e prazo médio de 17 meses para quitação. A contratação é feita por meio da Carteira de Trabalho Digital, o que facilita o acesso ao crédito com taxas mais acessíveis.
Entre os maranhenses que recorreram ao crédito está José Everaldo Cunha, 47, mecânico que trabalha com carteira assinada há mais de duas décadas. Ele é morador do bairro Vila Flamengo e trabalha em uma pequena oficina em São Luís. “Peguei cerca de R$ 5.800 e parcelei em 18 vezes. Comprei ferramentas novas e reformei minha área de serviço. A parcela coube no meu bolso e a taxa de juros foi menor do que outros empréstimos que já fiz. Mas é uma dívida que te acompanha por um bom tempo. Só vale a pena se for usada com responsabilidade”, avalia.
Apesar dos números expressivos e da experiência positiva de parte dos trabalhadores, especialistas fazem um alerta: o consignado pode se transformar em armadilha se não for bem planejado. Para o professor Reis Rocha, do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Estácio São Luís, o maior risco é o endividamento excessivo. “Esse tipo de crédito pode comprometer até 35% da renda líquida mensal do trabalhador. E se ele for demitido ou pedir desligamento, continua com a dívida e sem a renda para arcar com as parcelas”, explica.
Outro ponto crítico, segundo o professor, é o uso impulsivo do crédito, muitas vezes sem qualquer planejamento. “Há trabalhadores que contraem dívidas para adquirir bens de consumo momentâneos. Isso desequilibra o orçamento e pode levar a problemas financeiros ainda maiores”, alerta.
Além disso, há o risco de bloqueio do FGTS, utilizado como garantia por muitos trabalhadores. “Em caso de demissão, o saldo pode ser bloqueado para quitar a dívida, comprometendo uma reserva que poderia ser usada em emergências, na compra de um imóvel ou até mesmo na aposentadoria”, completa.
Para evitar transtornos, o especialista recomenda que o trabalhador adote medidas de educação financeira, como: elaborar um planejamento financeiro, com orçamento definido e controle de gastos; fazer uma análise detalhada dos riscos e comparar taxas de juros e encargos com outras modalidades de crédito; e gerenciar bem a dívida, pensando na sustentabilidade do orçamento mensal durante todo o período de pagamento.
Rocha ainda reforça a importância de verificar as condições contratuais com atenção, incluindo a existência de direito de arrependimento, e alerta para fraudes e golpes que têm se tornado frequentes no setor. “É essencial contratar com instituições confiáveis e acompanhar os descontos na folha de pagamento para evitar cobranças indevidas”, adverte.
O professor finaliza com uma orientação clara: “Contrair uma dívida é uma decisão que exige planejamento e responsabilidade. Se não for bem pensada, pode comprometer o orçamento familiar por anos”, afirma.
DADOS
No cenário nacional, os dados também impressionam. Foram mais de R$ 3,3 bilhões concedidos em 532.743 contratos firmados por trabalhadores formais nas 27 unidades da Federação. O valor médio por trabalhador ficou em R$ 6.209,65, com parcela média de R$ 350,46 e prazo de 18 meses. O Brasil conta atualmente com mais de 47 milhões de trabalhadores com carteira assinada, que podem acessar a modalidade diretamente pela plataforma digital.
São Paulo e Rio de Janeiro lideram o ranking nacional de adesão ao programa, impulsionando a popularização do consignado digital como uma das principais ferramentas de acesso ao crédito para a classe trabalhadora.
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