Criminosos arrombaram o casarão histórico que pertencia a Genu Moraes na madrugada desta sexta-feira (9) e roubaram diversos objetos da escritora e jornalista, importante personalidade da política e da sociedade piauiense que morreu em 2015 aos 87 anos.
A suspeita é que os bandidos tenham desligado a rede elétrica e entrado pela frente da casa, onde trabalha uma doméstica contratada pela família, mas que estava de folga no momento da ocorrência. A Polícia Civil foi acionada e foi ao local auxiliar na investigação.
A família ainda está contabilizando o que foi levado pelos bandidos, mas verificou inicialmente a ausência de alguns objetos de grande valor histórico e afetivo, como um faqueiro de prata, quadros e a coleção de chapéus de Genu Moraes.
“É um pedaço dela que tiraram da gente. Levaram os chapéus, que é uma coisa que ela gostava tanto. Objetos e antiguidades dela que estavam ali. É uma grande tristeza saber que não podemos ter mais nem as recordações dos nossos entes queridos que vem bandidos e arrancam da gente”, disse a filha, Lydia Moraes, ao Cidadeverde.com.
Arrombado pela segunda vez, o casarão está localizado em frente à Coordenadoria de Comunicação do Piauí (CCom-PI), que foi alvo de criminosos na última segunda-feira (5). Outros imóveis na região também já foram invadidos por criminosos.
“O Centro da cidade está abandonado. Ao lado da casa existe um estabelecimento onde já entraram sete vezes. O nosso é a segunda vez. Temos outros imóveis e o tempo todo é gente entrando lá, tanto que o inquilino entregou o imovel”, reclama a filha de Genu Moraes.
Revoltada com a situação, Lydia Moraes afirmou que os pertences da mãe guardam a história do prédio e da família. Ela cobra mais segurança nas ruas do Centro e mantém esperança de recuperar pelo menos a coleção de chapéus e o quadro da avó.
“São lembranças. Minha mãe nasceu naquela casa e ela dizia que só saía de lá para o cemitério. Ali tem coisa desde que meu avô construiu a casa, antes dela nascer. Ela nunca jogou fora nada. A gente achou um cartão do meu avô convidando minha avó para ir ao cinema. Eu adoraria poder reaver pelo menos os chapéus de volta”, concluiu a filha.
Sobre Genu
Genu Moraes era filha do ex-governador Eurípedes de Aguiar (1916-1920). Na infância e adolescência em Teresina, estudou no Colégio das Irmãs, Grupo Escolar Barão de Gurguéia, Anteneu Piauiense e Liceu Piauiense, onde foi eleita Princesa dos Estudantes. Em seguida, se mudou para Belo Horizonte (MG).
Extrovertida, Genu Moraes foi a primeira mulher a ter carteira de motorista no Piauí. Na década de 1940, ainda em Belo Horizonte, tomou gosto pela política. Anos mais tarde, já casada com Antonio Moraes Correa e morando em São Luís (MA), encontrou outra paixão: o jornalismo.
Dividindo-se entre a política e o jornalismo, foi eleita vereadora de São Luís com votação recorde para a época. Nessa época, estreitou relações com o então governador José Sarney, a cantora iniciante Alcione e a jornalista Elvira Raulino.
No início da década de 1980, ficou viúva após o marido sofrer um AVC. Cogitou se mudar para o Rio de Janeiro, onde já estavam os filhos Josias, Lúcia e Lídia, mas resolveu retornar a Teresina. Em 1987, a convite do governador Alberto Silva, assumiu a chefia do cerimonial do Palácio de Karnak. Ela exerceu o cargo também a partir de 1995, quando Mão Santa administrou o Estado.
Breno Moreno
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