A presidenta Dilma Rousseff vetou na noite desta segunda-feira o refinanciamento das dívidas dos clubes de futebol brasileiro sem nenhuma contrapartida. O projeto previa o alongamento da dívida por 20 anos, com juros reduzidos, próximos à Taxa de Juros de Longo Prazo (5% ao ano), redução nas multas e nenhuma regra de responsabilidade.
O refinanciamento sem que os clubes tenham nenhuma obrigação em troca foi uma manobra legislativa do deputado Jovair Arantes, da bancada da bola. Ignorando meses de discussão entre clubes e Bom Senso FC, o parlamentar, as pressas, incluiu o texto na forma de um artigo em uma Medida Provisória (656), que nada tem a ver com futebol, e sim com a isenção de imposto a importação de um equipamento usado na agropecuária.
Após a derrota, uma pessoa ligada a Jovair afirmou à reportagem que a bancada da bola já esperava o veto – a medida tería sido uma forma de chamar a atenção do governo para a necessidade de resolver rapidamente o problema dos clubes.
A atitude revoltou o Bom Senso, que defende que os clubes sigam regras para evitar o endividamento, o não pagamento de salários e o caos financeiro. O movimento tinha participado ativamente de diversas rodadas de negociações da Lei de Responsabilidade Fiscal, que reuniu CBF e clubes em busca de um texto que ajudasse os times, mas ao mesmo tempo estabelecesse regras de responsabilidade.
Nesta segunda, a CBF chegou a pedir à presidente que sancionasse a “gambiarra” de Arantes. A Fenapaf, entidade sindical de atletas nacional, mudou de lado: depois de se aliar ao Bom Senso e defender os jogadores, retificou sua posição, apoiou a CBF e pediu a aprovação do texto que revoltou os atletas. A entidade que comanda o futebol brasileiro prometia, ainda, criar suas próprias regras de responsabilidade financeira para os clubes.
Os apelos não foram ouvidos por Dilma Roussef, que agiu dentro do esperado pelo Bom senso. Em conversas em Brasília, a presidente já tinha dado sinais claros de que não aprovaria nenhum refinanciamento sem contrapartidas dos clubes.
Agora, a tendência é que a discussão da Lei de Responsabilidade Fiscal volte à tona. Os fatos que cercaram a inserção do artigo 141 na MP 656 devem, entretanto, abalar a confiança e afastar as posições da CBF e do Bom Senso.
Edição: Veja Timon
Imagem: Divulgação
Via: UOL